quarta-feira, 17 de abril de 2024

Se Liga na Cultura comemora sucesso do projeto

 

O Projeto ‘Se Liga na Cultura’ - sobre o qual já tive a grata satisfação de escrever aqui no blog (para ler, clique aqui) - recebeu uma grande festa para comemorar o sucesso da sua implantação. Uma mostra, promovida pelo Instituto Iecap – Agência de Transformação Social, reuniu, no Teatro da Universidade Paulista (Unip), trabalhos produzidos ao longo das oficinas gratuitas ofertadas no Distrito Federal, Rio de Janeiro e São Paulo.

O evento contou com uma programação composta pela exposição fotográfica “Para Além de Mim”, mostra de biojoias, peça de teatro ‘Differentia’ e uma aula show de gastronomia sustentável. O patrocínio máster foi do Instituto Cultural Vale e apoio do Ministério da Cultura, por meio de Lei Federal de Incentivo à Cultura.

Renata Oliveira, presidente do Instituto Iecap, comemora a jornada cultural, “concluída em uma mostra que conseguiu conectar todas as oficinas em uma única temática: ‘Para Além de Mim’, onde trabalhamos nas comunidades a importância de se reconhecer no outro e de respeitar a diversidade, buscando uma sociedade mais empática, inclusiva e fortalecendo a cidadania”..

O evento contou com a presença das escolas públicas CEF 04, CED 11 e CEF 25 de Ceilândia, CEF 05 e CEF 11 de Taguatinga, CEF 427 de Samambaia e CED 01 Estrutural. Também prestigiaram o dia Rosângela Gomes, deputada federal e Secretária de Assistência Social e Direitos Humanos do Rio de Janeiro; Mara Paiva, autora da série infanto-juvenil ‘Differentia’, inspiração para e peça de teatro]; Celso Junior, fotógrafo renomado e Vice-Presidente do Conselho Internacional de Empreendedorismo, Relações Governamentais e Intercâmbio Comercial da Associação Comercial do DF; e Luciana Asper, promotora do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios e líder do projeto NaMoral.

'Para Além de Mim’ - Em uma rota cultural planejada no foyer do Teatro da Unip, um personagem interpretando um maquinista futurista guiou os visitantes em uma experiência imersiva, caminhando por todas as atrações culturais. Iniciando com a exposição fotográfica ‘Para Além de Mim’, o público pode apreciar um acervo exclusivo com 40 imagens que apresentam a sutileza dos detalhes e da potência cultural do dia a dia das comunidades de Japeri, Paraty e Mangaratiba, no Rio de Janeiro, da Cidade Tiradentes, em São Paulo, e de regiões do Distrito Federal.

Sob curadoria do renomado fotógrafo Celso Junior, as fotos convidam o público a fazer uma reflexão sobre existir e persistir, transcendendo a compreensão de si, do outro e das realidades locais ao nosso redor, despertando por meio da arte e da fotografia contornos para a superação das vulnerabilidades e buscando encontrar beleza onde muitos acreditam que não há.

O percurso conduzido pelo maquinista desembarcou na mostra de biojoias, com peças artesanais produzidas pelos alunos durante as oficinas do Projeto. A exposição surpreende pela criatividade, com a elaboração e confecção de colares, brincos e pulseiras a partir de matérias-primas sustentáveis encontradas na Amazônia brasileira, como o açaí, jarina, jupati, inajá, tentos, muitas delas oriundas de comunidades tradicionais indígenas da Região Norte, além de madrepérola e madeira.

O público presente também assistiu a uma Aula Show de Culinária Sustentável, ministrada pelo chef Edu Henrique. Explorando a diversidade da gastronomia brasileira, a master aula ensinou a produção de mousse de chocolate com café, incentivando a criatividade, o máximo aproveitamento dos alimentos e a redução de desperdícios.

Para coroar a Mostra, o Espetáculo “Differentia”, inspirado literatura infanto-juvenil de Mara Paiva, encantou a plateia com a história de Humi, uma menina com espírito aventureiro que recebe um presente misterioso e a leva para uma expedição num mundo fantástico chamado Metazoa, onde vivem animais que cantam, dançam e estudam. Lá ela conhece os amigos da Turma D e juntos trilham uma aventura para derrotar o temível lobo Domain. Muitos desafios e aprendizados e um lindo laço de amizade nascem a partir daí.

sexta-feira, 12 de abril de 2024

Dre Sarkis, aos 23 anos, prepara voo musical mais alto

A cantora e compositora brasiliense Dre Sarkis, que aos 23 anos de idade já soma 10 anos de caminhada musical, está preparando o lançamento oficial de um trabalho com dez músicas, em formato digital, que representará um voo mais alto em sua carreira. Cantora e compositora, ela esteve este mês em São Paulo para gravar as canções do novo trabalho que conta com direção artística e produção de Leo Pinotti.

As canções, todas autorais, têm como inspiração as experiências pessoais da artista, traduzidas em interpretações carregadas de emoção dentro de estilos como pop rock, rhythm and blues, entre outros.

Ao contrário de músicas que já estão disponíveis nas plataformas de streaming e canal de Youtube, todas em inglês, ela selecionou composições em português, em sua maioria, para este novo momento. Quanto ao formato do novo lançamento, ela ainda está decidindo se será um álbum ou dois EP’s.

Sobre a sua carreira precoce, Dre Sarkis conta que “desde bem pequena, tinha melodias soltas na minha cabeça que transformava em música. Gostava de escrever poemas, contos, relatos pessoais, músicas, mas eu era muito jovem e não era exatamente confiante, apesar de já ter ganhado um concurso de melhor texto no colégio. Um dia uma professora de português me viu escrevendo, pediu para ler meus textos e me incentivou a seguir neste caminho, o que me deu mais segurança. Em segredo eu já cantava e compunha e me via como cantora, mas isso parecia um sonho distante. Foi quando, há 10 anos, me convenceram a participar do show de talentos do Mackenzie e a música passou a fazer parte da minha vida de vez”.

Formada em Publicidade e Propaganda e prestes a concluir o curso de Jornalismo, Dre dedicou os últimos quatro anos aos estudos, tocando a vida artística paralelamente. Neste período participou do Vimus Up Next Music, projeto de descoberta e valorização de jovens talentos comandado pelos produtores Bruno e Binho.  Através do Vimus e de forma independente, chegou a compor e gravar quatro singles e videoclipes: Every Piece of MeOrdinary LoversOur Party e The Language (vídeo abaixo).  



terça-feira, 9 de abril de 2024

Caminhos da Inclusão, websérie que promete sucesso

Gamer Jhonata Fargnolli de Lima

Histórias de vida de pessoas com deficiências inspiraram uma websérie que tem tudo para ser sucesso e pode ser vista no canal Vai Curupira, no Youtube. “Caminhos da Inclusão”, composto por 12 temas, é apresentado pelos paratletas e comunicadores Aloísio Lima e Guilherme Costa, ambos tetraplégicos, o que confere ao projeto muita propriedade na condução das entrevistas e do desenvolvimento das temáticas destacadas.

Com sensibilidade, bom humor, positividade e muita consciência cidadã, “Caminhos da Inclusão” compartilha trajetórias que merecem ser contadas, ao mesmo tempo em que atua no combate ao preconceito e capacitismo direcionado às pessoas com deficiência.    

Equipe com a influencer Vitória Mesquita

Aloísio Lima garante que “conhecer e compartilhar as experiências de pessoas com deficiências que, assim como nós, buscam viver em plenitude, possibilita a troca de ideias e um aprendizado sobre como conviver bem com as limitações impostas à pessoa com deficiência, seja ela congênita ou adquirida”.

Nessa mesma perspectiva, Guilherme Costa lembra que “em cada episódio, além de muita emoção, nossos personagens e especialistas trazem conhecimento de relevância não apenas aos deficientes, a quem a série é dedicada em primeiro lugar, mas aos seus familiares, amigos e sociedade como um todo”. Ele reforça que esse público, composto por “pessoas que entendem a importância da inclusão para a construção de um mundo, verdadeiramente, cidadão, não pode perder a série”.

Denise Braga, ativista política

A websérie elencou 12 temas que são explorados através de um mergulho na trajetória de 12 convidados. O episódio de estreia, Direito à Reabilitação, abordou um pouco da vida dos fundadores do canal Vai Curupira e apresentadores de “Caminhos da Inclusão”, Aloísio Lima e Guilherme Costa.

Na sequência, com lançamentos semanais, estão Vitória Mesquita, a “Viti”, uma influencer com Síndrome de Down, em Direito à Vida; Tutti, uma cantora no espectro autista, em Igualdade e Não Discriminação; Carla Maia, a primeira jornalista cadeirante do Brasil, em Direito à Educação e Trabalho; Felipe Costa, um rapper desenrolado, em Direito à Moradia; Laila Gomes Costa, tocando a vida após o AVC, em Direito à Assistência e Previdência Social; Jarlene Maria, um palhaço cadeirante, em Direito ao Transporte e à Mobilidade; Shirley Nunes, uma pianista com nanismo, em Direito à Cultura, Esporte, Turismo e Lazer; Ana Beatriz Leitte, e sua deficiência “invisível”, em Direito à Acessibilidade; Denise Braga, uma ativista política, em Direito à Participação na Vida Pública e Política; Gustavo Ritcher, um pintor, em Acesso à Justiça; e, Jhonata Fargnolli de Lima, um gamer que joga com os pés, em O Que Nos Reserva o Futuro.

Guilherme Costa e Aloísio Lima, apresentadores

Ao longo da série, as temáticas dos episódios foram respaldadas por especialistas que convivem com a questão da inclusão através de experiência própria ou de parentes próximos.  Colaboram com o projeto Cláudio Drewes (tetraplégico), procurador regional da República; Rafael Oliveira (pai de criança no espectro autista), advogado atuante na área de Direitos Humanos; Hisaac Oliveira (cego), advogado da causa da pessoa com deficiência. Profissionais bem-sucedidos e requisitados, demonstram, mais uma vez, que a deficiência não impossibilita o cidadão de se desenvolver e contribuir com a sociedade.

A pianista Shirley Nunes

Por si só, as histórias sustentariam os episódios, mas a equipe de “Caminhos da Inclusão” foi além. Mais que meras entrevistas, a produção envolveu visitas às residências ou local de trabalho dos personagens, muitas imagens de arquivo e participação de pessoas próximas aos entrevistados, num projeto audiovisual rico. Entre os colaboradores estão os profissionais Rodrigo Brant (diretor), Rafael de Araújo Vargas (roteirista e editor); Ricardo de Melo Martins (produtor); Felipe Vaz dos Santos Souza (diretor de fotografia e operador de câmera); Victor Cavalcante (técnico de som), Claudia Andrade (gestora administrativa-financeira) e Daniel Oliveira (designer e social media).

Laila Costa, vítima de um AVC

Idealizado desde o início para ser um conteúdo, verdadeiramente, inclusivo em formato e conteúdo, “Caminhos da Inclusão” conta com recursos de acessibilidade como legendas, interpretação em libras e participação de pessoas com deficiências em todas as etapas do projeto. O projeto foi viabilizado por recursos do Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal.


Serviço:

Websérie “Caminhos da Inclusão”
YouTube: canal Vai Curupira
Instagram:  Vai Curupira
TikTok:  Vai Curupira

quinta-feira, 4 de abril de 2024

Prêmio Profissionais da Música abre inscrições 2024

Prêmio Profissionais da Música (PPM) – aquele que é considerado, na atualidade, o mais importante da música brasileira – começa sua caminhada rumo à 8ª edição, com o slogan “Vivam as plataformas, veículos e espaços culturais | do natural ao artificial com escala no real”. As inscrições já estão abertas e o espaço disponibilizado para todos os artista que, de um forma ou de outra, trabalham na cadeia da produção musical.

O evento foi criado a partir de Brasília, mas ganhou asas e hoje é uma realização nacional, recebendo inscrições de profissionais da música de todo o país, que podem concorrer em 191 categorias distribuídas em quatro modalidades: CriaçãoProduçãoEducação Convergência. Os interessados têm até 2 de junho para se inscrever. A premiação acontecerá em novembro no Clube do Choro de Brasília.

Além da competição que atravessa três etapas (votação entre inscritos, votação popular via internet e votação de júri especializado) o PPM tem um segmento de premiação a partir de indicações de seu Conselho Sensorial e, desde 2023, o Viraliza Brasília, também via indicações, voltado, exclusivamente, para o universo musical do Distrito Federal.  Somadas todas as categorias, ao final serão distribuídos 221 troféus A Parada da Música.

Destinado à preservação da criação e produção cultural com foco no universo musical, o PPM compartilha emoções e ações de capacitação e inovação. Nele são contemplados segmentos de profissionais a partir da exposição e difusão, física e digital, da memória e conquistas da cadeia criativa e produtiva da música, com desdobramentos junto ao audiovisual e à literatura, por exemplo. Na prática, o PPM é um evento multicultural com foco na exposição, reconhecimento e intercâmbio de oportunidades, trajetórias, pessoas e marcas.

Além das premiações e homenagens a personalidades do mundo da música, o PPM, tradicionalmente, oferece em sua programação a cerimônia de boas-vindas na Câmara Legislativa do Distrito Federal com entrega de Moção de Louvor aos finalistas, palestras, mesas redondas, mostras de videoclipes, feira literária e shows. Sempre trazendo novidades, um dos pontos altos do PPM nesta 8ª edição serão iniciativas que convergem para a preservação do Patrimônio Histórico e Artístico de Brasília e do Brasil. 

Mais informações serão compartilhadas ao longo do ano na imprensa e nas páginas oficiais do evento.


Serviço:
Onde se cadastrar?
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Onde conhecer todas as categorias?
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Onde acessar o regulamento sobre cadastro, inscrições e votações?
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domingo, 24 de março de 2024

O livre ir e vir do periquito Chicozinho

Este é um fim de semana, no ZecaBlog, dedicado aos animais, seus encantos e relações com os seres humanos. Neste sábado (23/3), publicamos uma bela crônica sobre O Porquinho Doméstico (para ler, clique aqui) e, neste domingo, trazemos um texto da amiga, poeta, cronista e escritora Sinvaline Pinheiro, que está à frente do Memorial Serra da Mesa, em Uruaçu, Goiás.

A crônica também foi publicada no WhatsApp "Amigos do Zé Sobrinho", que reúne pessoas ligadas, de alguma forma, à nossa querida cidade do meio-norte goiano. Nela, de forma delicada e sensível, como é de seu feitio, Sinvaline narra sua experiência de convívio com um periquito.

Deixemos que a autora se manifeste pelas suas palavras.


Chicozinho
Sinvaline Pinheiro

Início de outubro surgem as primeiras chuvas alegrando a vida e adubando o mundo...

O vento traz recados,  derruba árvores e ninhos de pássaros...

Dois seres pequeninos, sem penas choram no chão úmido, são filhotes de periquito.

Um não resiste,  resta cuidar do solitário com papa de fubá, afagos e muita conversa...

Os dias passam, penas crescem e ele altivo já reconhece minha voz..

Nessa intimidade já consigo definir  choro, sede, fome ou simplesmente quando quer colo...

Gosta de ficar no ombro quando trocamos ideias sobre a vida dos pássaros.

Sempre  responde em gorjeios e bater de asas, ensaiando voo.

Numa tarde calorenta, um bando de parentes barulham no quintal...

Chicozinho grita e plaina no ar rumo à copa das árvores...

Entardeceu, a noite veio e ele não apareceu, apreensiva imaginei sua solidão na noite escura...

No dia seguinte olhando o céu  arrisquei dizer:

-- Chicozinho, Chicozinho!

Um montinho verde  voando e gritando aterrissou na minha cabeça. 

Muita fome e sede, uma manga foi pouco...

Sorrindo e chorando, perguntei sobre o passeio enquanto ele bicava minha orelha devagarinho, cochichando em gorjeios:

-- Vou e volto, tô feliz!

Chicozinho vai e vem quando quer.

É livre...

Em cada ida e volta minha alma voa junto...

Um sentimento em sintonia com a liberdade de compreender, viver e amar.


sábado, 23 de março de 2024

Crônica destaca o valor do porquinho para os humanos

 

No grupo de WhatsApp “Amigos do Zé Sobrinho”, que reúne uma turma lá de Uruaçu, Goiás, foi publicada uma crônica que achei interessante e bem inserida no contexto atual. Foi escrita pelo amigo, escritor, poeta e psicanalista Ítalo Campos, uruaçuense da gema, residente em Vitória, Espírito Santo.

Por coincidência, recentemente, ouvi alguém comentar que, ao contrário do que muitos pensam, o porco é um animal muito limpo. Disse que é o homem que o cria como um animal sujo, num chiqueiro, chafurdando na lama.

Bom, mas já estou escrevendo demais


O porquinho doméstico
Ítalo Campos

Eu crio um porquinho aqui em casa. Eládio é tratado como um pet, com toda higiene, rações balanceadas e carinho. Deambula pela casa com desenvoltura porquina. Caseiro, Eládio não reivindica grandes passeios externos. Quando, esporadicamente, o levo para uma volta na praça, recebo apupos verbais desde o elevador afora.

Vale destacar que tenho vizinhos de nível superior, classe média, religiosos e, muitos, devotos de São Francisco.

Nesta semana um tremendo susto me acometeu e lhes conto.

Ao voltar do passeio esporádico, tratei de trazer bem curta a rédea do Eládio, ao esperar e penetrar no elevador. Apesar do meu adotado pet não oferecer perigo, nunca atacar outros animais ou humanos, eu não dispenso a coleira.

Muito constrangido, entrei no veículo. Por lá, já se encontrava uma sempre amarela dona Loxa (origem estrangeira), até então a mais revoltada, implicante  e opositora do meu estimado animal.

Meu susto aconteceu quando ela olhou para ele, depois olhou para mim, e sorriu simpática. Pior, com a maior naturalidade pegou-o no colo, sorrindo, dirige-se a mim: não tinha reparado que ele é tão bonitinho.

Não soube o que responder tal surpresa. Tentei um agradecimento e  felizmente chegou ao meu andar, peguei o animal e, quase correndo, saí. Disse apenas um tchau colocando Eládio no chão.

Pouco mais tarde, no jornal televisivo, soube do grande avanço científico realizado nos EUA com a participação de um pesquisador brasileiro. Pela primeira vez foi realizado um transplante de rim utilizando um órgão suíno e deu certo.

Sucesso total.

Eládio nunca mais vai passear.


quinta-feira, 21 de março de 2024

Jogador de futebol acha que mulher é uma bola

Jogadores de futebol, em sua maioria, tratam as mulheres como se fossem uma bola. Exercitam sobre elas o pleno domínio. As conduzem pra frente e pra trás, para um lado e para o outro, e até mesmo em intermináveis círculos viciosos. Raramente as tratam com carinho, como fazem com a pelota nos gramados – nem todos, claro. Preferem bater com força, de bico, de efeito, ou com defeito mesmo.

Tornaram-se comuns os casos de violência contra as mulheres envolvendo jogador de futebol. Infelizmente, com a presença marcante, nas estatísticas, de atletas brasileiros. Estão em destaque, no cenário nacional e internacional, as condenações por estupro de Daniel Alves e Robinho.

Ambos os casos são emblemáticos. Robinho foi condenado na Itália por participar de um estupro em grupo de uma mulher albanesa. O ex-jogador do Santos e da Seleção Brasileira, teve a sentença confirmada em três instâncias naquele país, com seus direitos a plena defesa devidamente preservados. Mas, preferiu esconder-se na Baixada Santista. Em decisão inédita, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) determinou o cumprimento, de imediato, da pena de 9 anos de prisão, no Brasil.

Daniel Alves, que jogou em vários clubes e na Seleção Brasileira, não se esquivou do julgamento. Recebeu prisão cautelar e foi acusado de estupro de uma jovem espanhola, em uma boate. Julgado e condenado a pouco mais de 4 anos de prisão, recorreu e poderá aguardar o julgamento do recurso em liberdade, desde que pague a bagatela de um milhão de euros (5,4 milhões de reais).

No primeiro caso citado, a Justiça se manifestou de forma plena, irretocável. Tomou uma decisão inédita, que servirá de exemplo para que novos casos semelhantes não venham a ocorrer. Mandou recado contrário a qualquer tentativa de impunidade.

No caso Daniel Alves, a mensagem que sobressai é a de que a Justiça é mais condescendente com o rico. A decisão de permitir a liberdade condicional é um tapa na cara da vítima e uma demonstração de que agressão, estupro e outras violências contra as mulheres recebem punições distintas a depender do status financeiro do agressor.

Daniel Alves e Robinho consideram as mulheres um objeto... no caso, por afeição, uma bola de futebol. São conduzidas para onde eles querem e bem entendem, aos chutes, de forma rasteira ou com balões. Se preciso debaixo do braço, sufocadas. Quando levantam a voz, são silenciadas por uma pisada de cravos, levam caneladas e são jogadas para escanteio, onde ficam reservadas para um próximo cruzamento.

Nelson Rodrigues faz uma falta danada... Teria feito belas crônicas sobre o drama dessa gente. Que tristeza o que restou do futebol brasileiro!


terça-feira, 12 de março de 2024

Paulo Pestana e as razões de existirmos

O que será de nós, pobres mortais, amigos e parceiros de tantas lutas e jornadas a partir desta semana, que começou com uma segunda-feira de sabor amargo, travoso e travado, depois da inacreditável notícia do falecimento do jornalista, escritor, cronista e crítico musical Paulo Pestana, na madrugada do interminável 11 de março de 2024?

Perguntar não ofende. Mas, há certas perguntas que pairam no ar com o peso de nuvens de chumbo, carregadas pelas águas de março... e que são verdadeiros desafios à nossa frágil razão de existir.

Afinal, existirmos, a que será que se destina...? Pergunta o compositor Caetano Veloso, em sua magistral Cajuína. Um questionamento poético, sensível, que nos coloca em plena reflexão, às vezes perturbadora, do verdadeiro sentido e finalidade da existência, sendo a vida tão efêmera.

Há razões de sobra, no plano divino e dos homens, para a existência de uma figura tão ímpar como a de Paulo Pestana, em sua curta mas profícua passagem por essas paradas, nas quais tivemos o privilégio de estar em boa parte dos seus pouco mais de 66 anos.

Razões de existência não apenas para seus familiares, amigos e conhecidos. Também para as dezenas de pessoas que foram por ele ajudadas de alguma forma e em algum momento. Para milhares de leitores de seus textos impecáveis, crônicas deslumbrantes pelas quais viajávamos todos por uma Brasília fantástica, esmiuçada em seu dia a dia, no mundo das artes e da cultura.

Amanhecemos nesta segunda-feira com a sensação estranha, sentindo-nos menores, vivendo em um mundo apertado, insosso, estranho, desarrumado... Todo mundo perguntando para todo mundo se aquilo tudo era verdade, como se ninguém acreditasse em ninguém, torcendo e rezando para que nada estivesse acontecendo. Não passasse de um pesadelo.

Paulo Pestana chegou em Brasília no mesmo ano que por aqui aportei. Ambos trazendo na mochila muitos sonhos e um caminhão de esperanças. Era 1973, ano de uma década tão intensa no plano político e cultural. Fomos nos conhecendo e nos aproximando, cada vez mais, graças ao jornalismo, a paixão pela música e o gosto pelas crônicas. Aproximação essa que foi sempre regada por momentos boêmios no Butiquim do Tuim (Quituart, do Lago Norte), por algumas festas em comum e, durante alguns anos, por trabalho, também, que ninguém é de ferro...

Foram muitas palavras jogadas fora. E outras tantas agasalhadas, com muito carinho e respeito, na mente, no coração e na alma. Palavras sábias, equilibradas, marcadas pela leveza e bom-humor. É o que importa nessa vida tão efêmera: amizade.

Quando é assim, nesse tom e nessa harmonia musical, existir vale a pena. Mesmo quando, no meio da jornada, alguns dos amigos nos deixem por um lugar desconhecido, cheio de mistérios, mas onde encontrarão outros tantos companheiros que se foram antes do combinado.

RIP, Paulo Pestana! Inté a próxima. 

sexta-feira, 8 de março de 2024

Há o que comemorar neste Dia Internacional da Mulher?

O que comemorar neste 8 de março de 2024, carimbado no calendário como Dia Internacional da Mulher, num país em que quatro mulheres morreram a cada dia, no ano passado, vítima de feminicídio? Ao todo, mais de 10,5 mil mulheres foram mortas de 2015 (quando a lei sobre o tema foi criada) a 2023 por motivos relacionados à sua condição de gênero.

O que comemorar se, em 2023, um feminicídio ocorreu a cada seis horas, totalizando no ano 1.453 mulheres assassinadas? Levantamento do Instituto Sou da Paz mostra que uma a cada dez mulheres que foram assassinadas no Brasil foi vítima de arma de fogo. O agressor, em geral, é alguém próximo à vítima. As mulheres negras são 7 de cada 10 mortas.

O que comemorar quando os dados de feminicídios em alta em vez de aproximar afasta o Brasil cada vez mais da igualdade de gênero?

O que comemorar quando diversos estudos apontam a persistente desigualdade de gênero no mercado de trabalho? A taxa de participação das mulheres, no último trimestre de 2012 a 2022, em nosso país, foi de 52,7%, contra um percentual de participação dos homens de 72,1%; taxa de desemprego de 9,8% contra 6,5%; e a evolução de rendimento habitual de todos os trabalhos, de R$ 2.416 contra R$ 3099.

O que comemorar ante a constatação de que, em 2023, no Brasil, 692 crianças ou adolescentes perderam suas mães para a violência contra as mulheres? Esse número é referente a 400, ou 23%, dos 1.706 casos de feminicídios identificados. Pasmem: em 2,4% dos casos, as mulheres estavam grávidas.

Não dá para comemorar o Dia Internacional da Mulher ao ficarmos sabendo, estarrecidos, que a Assembleia Legislativa de Santa Catarina está realizando, hoje, o 1º Congresso Antifeminista, em Florianópolis (SC). Três mulheres estão à frente dessa aberração. Anotem o nome delas: Pathy Silva, Pietra Bertolazzi e Cris Correa.

Felizmente, graças ao espírito de luta, a capacidade, inteligência e sensibilidade de milhões de mulheres, ao longo de décadas, ocorreram avanços, conquistas. Ainda são poucas, mas devem e precisam ser comemoradas, até para que sejam valorizadas e ampliadas nos anos vindouros.

Valorizar essas conquistas é, também, uma forma de homenagear as 129 mulheres que foram mortas pela repressão ao movimento grevista de uma fábrica, em Nova Iorque, nos Estados Unidos. Foi ali que tudo começou, no ano de 1857, no dia 8 de março. Elas lutavam pela redução da jornada de trabalho, então de 16 horas, para 10 horas diárias, equiparação de salários com os homens, que chegavam a ganhar três vezes mais do que as mulheres, e tratamento digno no ambiente de trabalho.

Nesse contexto, há, sim, o que se comemorar. Presentear as mulheres para que elas continuem firmes, determinadas em suas lutas diárias. Dar flores para as mulheres, em todas as datas, e não somente no dia de hoje, é, sim, uma forma de reverenciá-las. Combina com a beleza, o encanto, o charme das mulheres. E, ao mesmo tempo, serve para lembrar que toda a beleza delas brota e floresce entre espinhos.

Beijos no coração! Um feliz e comemorativo Dia Internacional das Mulheres.


domingo, 25 de fevereiro de 2024

Documentário "A Noite que Mudou o Pop" é imperdível

 

Um dos mais belos e interessantes filmes-documentários já realizados está “em cartaz” no Netflix. Trata-se de A Noite que Mudou o Pop, de Bao Nguyen, sobre a histórica gravação de We Are the World, criada no projeto USA For Africa, que em 1985 arrecadou dinheiro para combater a fome no continente africano.

Tudo começou quando o agente Ken Krager foi procurado para tocar o projeto por Harry Belafonte, ator, cantor e ativista de direitos civis. A ideia era arrecadar dinheiro para amenizar o sofrimento de milhões de mulheres e crianças na África.

O ponto de partida foi a escolha de Lionel Ritchie para fazer o meio de campo do projeto. Logo de cara, Ritchie, também produtor do filme, convidou ninguém menos que Michael Jackson, e os dois fizeram a canção que viria a encantar o mundo e permitir uma arrecadação de fundos nunca vista na história da música.

Quem viveu o mundo da música naqueles inesquecíveis anos 1980 não pode deixar de ver essa maravilha. Principalmente pelo fato de que ele reúne os jovens de então aos grande nome dos anos 1960 e 1970, como Bob Dylan, Ray Charles, Stevie Wonders, Paul Simon, Tina Turner e tantos outros. Tudo numa noite, numa só gravação, sem a presença incomodativa de assessores e de multidão na porta do estúdio a perturbar a chegada dos ídolos.

O registro ocorreu em 24 de janeiro de 1985. Naquele dia era a festa de entrega do então muito prestigiado American Music Awards, em Los Angeles, que seria apresentado por Lionel.

Muitos dos artistas relacionados para gravar já estariam na cidade. Mesmo assim, houve percalços e algumas desistências. Bruce Springsteen fez na noite anterior um show de quase quatro horas do outro lado do país, e mesmo assim aceitou cantar. Nas gravações, ele está visivelmente exausto.

Um aspecto magistral do documentário foi a captação de reações preciosas. Bob Dylan, por exemplo, era o mais incomodado de estar ali. Além disso, sabia que cantava mal e se omitiu nos coros. Stevie Wonder e Ray Charles eram reverenciados como deuses por artistas que vendiam muito mais discos do que eles. Novatos como Cyndi Lauper e Kim Carnes não conseguiam esconder o nervosismo diante dos ídolos.

Michael Jackson mostra todo seu talento de voz e conhecimento musical, embora não tocasse nenhum instrumento. Compôs uma bela e imortal canção, em forma de hino, e teve a felicidade de encontrar os versos iniciais que marcaram a música: “We are the world/ we are the children/ We are the ones who/ make a brighter day.

Peço licença para reproduzir um trecho da crítica do jornal The New York Time, republicada no Brasil pelo Estadão:

A Noite que Mudou o Pop ganha seu título arrogante de duas maneiras. Até que alguém invente uma máquina do tempo, é a melhor maneira de ver o que foi a primeira metade da década de 1980, graças a um desfile de referências estilísticas e tecnológicas e até mesmo anacronismos: cabelos grandes, fitas cassete, cores primárias, jaquetas de beisebol de cetim, calças de couro, collants, casacos de pele, permanentes, walkie talkies e até mesmo um Rolodex. (As fitas cassete, ao contrário dos permanentes, estão de volta).

É também uma ilustração maravilhosa da velha máxima de que o show business tem a ver com relacionamentos. A sessão de We Are the World reuniu a maioria dos cantores que fizeram de 1984 “o melhor ano da música pop”, como muitos o chamaram, e se beneficiou de um conjunto único de variáveis. O filme mostra que a cadeia de ações que antecedeu aquela noite se resumiu a ligar para amigos, pedir favores e lançar a música com um amplo apelo demográfico. Veja aqui como alguns músicos talentosos e um empresário incansável organizaram um evento de gala em apenas quatro semanas.”

O ZecaBlog, sempre antenado com o mundo da cultura, não poderia deixar de destacar para seus leitores e leitoras a importância desse filme. Ele foi visto 11,9 milhões de vezes em sua primeira semana de lançamento no mês de janeiro, ficando no topo da lista de filmes em inglês da Netflix.

Pra matar a saudade, que tal o vídeo da canção...